Archive for the ‘ Jornalismo ’ Category

Blogueiro é assassinado no RN

Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:

Durante o 2º Encontro Nacional de Blogueir@s Progressistas tomei conhecimento de um caso surreal de assassinato com possível motivação política.

Enquanto ouvia o relato do episódio, passou pela minha cabeça a possibilidade de eu estar dormindo e que a história não passava de uma crônica policialesca no meio do sonho.

A realidade é mais crua, entretanto.

Ednaldo Filgueira, 36 anos, presidente do PT municipal de Serra do Mel, colaborador do blog Serra do Mel (http://www.serradomel-rn.com) e jornalista comunitário, foi assassinado na noite da última quarta-feira (15), ao receber seis tiros de homens não identificados.

Segundo me disse o Thiago Aguiar – blogueiro potiguar que contou o caso (e gravou em vídeo para o Blog da Dilma) –, Ednaldo havia publicado no blog uma enquete perguntando à população se era possível acreditar na prestação de contas da prefeitura.

Na manhã do crime, o blogueiro recebeu ligações anônimas com ameaças por conta da enquete, que foi prontamente retirada do site.

Não foi suficiente. No final do dia aconteceu o crime que tornaria aquele o último dia da vida de Ednaldo.

A violência associada à política no interior do Brasil (não apenas do Norte/Nordeste, vale dizer) persiste por inúmeros e complexos motivos, mas a impunidade contribui muito para perpetuar tal situação.

Serra do Mel é um pequeno município criado em 1988 e situado próximo a Mossoró, cidade famosa por ser uma concorrida estância hidrotermal.

O prefeito se chama Josivan Bibiano de Azevedo e é do PSDB.

O caso – que não ganhou qualquer destaque na imprensa do RN – merece repercussão ampla na blogosfera e, quiçá, na grande mídia nacional que diz defender a liberdade de expressão. Para que os responsáveis pelo crime possam ser encontrados e punidos. E, também, para que o assassinato de blogueiros não vire moda.

Rio Grande do Norte é plutocracia

Ao contrário do que acredita a maioria, que logo pensa em Maranhão e Sarney quando o assunto é atraso político, o Rio Grande do Norte, é o estado onde reina a oligarquia mais longeva do Brasil.

A oligarquia potiguar, entretanto, não está assentada em apenas um grupo familiar. São três famílias tradicionais que dominam não apenas o Executivo, mas também o Legislativo em âmbito municipal, regional/estadual e federal. Além disso, exercem grande influência no Judiciário, controlam a economia e a quase totalidade dos grandes meios de comunicação no estado.

Os clãs Alves, Maia e Rosado repartem o poder no Rio Grande do Norte desde a primeira metade do século XX. Destes grupos saíram ramificações, como a família Faria, que alternam alianças entre os três esquemas principais.

É um exemplo quase perfeito de uma plutocracia.

Dois fatos me dão esperança de mudança nesse cenário em médio prazo: a recente e vitoriosa ocupação da Câmara de Vereadores do Natal (o movimento “Fora Micarla”) e a visibilidade crescente da atuação de Fátima Bezerra, deputada federal do PT que preside a Comissão de Educação da Câmara em 2011.

Acompanharei o caso e publicarei mais notícias à medida que surjam novidades.

PS: Durante o Encontro de Blogueir@s Progressistas, fizemos uma homenagem a Ednaldo com uma salva de palmas, na mesa da manhã de sábado.

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Para saber mais sobre as três famílias que compõem a oligarquia do Rio Grande do Norte, leia a excelente matéria de Edson Sardinha e Renata Camargo, do Congresso em Foco (clique aqui) sobre o assunto.

Para saber mais sobre o Fora Micarla e a ocupação da Câmara de Natal, leia o blog do Daniel Dantas (nenhuma relação com o banqueiro criminoso), um dos protagonistas do movimento:

Jornalistas protestam em Porto Alegre

Jornalistas, liderado pelo presidente do sindicato da categoria, José Nunes, protestam na Esquina Democratica da capital gaúcha pela volta da obrigatoriedade de diploma de nível superior para o exercício da profissão.

 

Tiro no pé: PIG versus rádio comunitária

Jornalista é condenado por afirmar que uma

rádio comunitária é pirata.

Na tentativa de desqualificar uma rádio comunitária da cidade de Guaíba-RS, o jornalista Giovani Grizotti, do poderoso grupo RBS, dono da RBS TV (Televisão Gaúcha, afiliada à Rede Globo) e do maior jornal do Rio Grande do Sul, Zero Hora, entre outros, publica matéria com “informações inexatas”, segundo o juiz Giovanni Conti, da 15ª Vara Cível de Porto Alegre do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), que julgou procedente o processo movido por Walter Luis Lopes, responsável pela Rádio Jovem Comunitária de Guaíba, contra o jornalista.

Conforme o processo nº 001/1.09.0041932-0, no dia 07/01/2007 foram publicadas reportagens na mídia impressa (ZH) e televisiva (RBS TV) informando que a Rádio Jovem Comunitária de Guaíba era uma rádio pirata.

O autor do processo, segundo os autos, informa que “na época da reportagem, a rádio sequer estava funcionando, reforçando que são falsas as afirmativas (do jornalista), uma vez que os autores não emitiam ondas sonoras impróprias que estariam atrapalhando voos comerciais, como foi dito nas reportagens”.

Em outro trecho da matéria, Grizotti afirma: “Nesta casa em Guaíba, na grande Porto Alegre, funcionava uma rádio pirata fechada pela ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações em junho do ano passado. Na época, os oficiais foram alertados pela Aeronáutica de que o sinal da emissora estava interferindo na comunicação entre aviões e o Aeroporto Salgado Filho (…)”

Segundo o juiz, “em nenhum momento foi comprovado que a Rádio Jovem Comunitária de Guaíba teria sido fechada pelo motivo exposto nas reportagens”. Ele informa ainda que “não consta nos autos qualquer informação da ANATEL ou da Polícia Federal a respeito do que alegaram os réus” (jornalista, ZH e RBS TV).

O repórter Giovani Grizotti, a RBS TV Porto Alegre e a Zero Hora Editora Jornalística foram condenados a pagar R$ 15 mil de indenização ao Conselho Cultural e Artístico Pedras Brancas e a seu dirigente Walter Luis Lopes.

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Outros trechos da decisão do juiz:

o repórter invadiu, sem autorização, a casa do autor para noticiar fato inverídico, que prejudicou a imagem dos autores…”

 

Sobre liberdade de imprensa:

“O exercício abusivo deste direito, todavia, quando em conflito com valores outros não menos significativos, haverá de ocasionar a necessidade de reparação no âmbito da responsabilidade civil.”