Pífios Argumentos Ruralistas – Parte 1

Por partes, como diria aquele famoso criminoso de Londres, vou postar minhas opiniões e análises pessoais sobre a polêmica questão envolvendo o Projeto de Lei (PL) nº 1.876, que propõe alterações para o Código Florestal Brasileiro. O PL tem a relatoria do deputado federal Aldo Rebelo que, declaradamente, está afinado com o discurso da bancada ruralista do Congresso Nacional. Infelizmente, essa posição defendida por esse segmento político-comercial beneficia diretamente alguns políticos, produtores com práticas ambientais irregulares, grandes investidores e especuladores estrangeiros.

O artigo 2º do Projeto de Lei n 1.876 afirma: “As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, …, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País,…”. Perceba que, nesse trecho, o texto do projeto coloca em pé de igualdade os brasileiros e os estrangeiros que aqui habitam, visto que afirma serem as florestas e as vegetações existentes no território nacional de interesse de todos os habitantes.

Nesse caso, cabe ressaltar, como exemplo, as indústrias estrangeiras de papel e celulose que aportaram por aqui adquirindo milhares de hectares de terras para plantar eucaliptos e exportar celulose e derivados. Será que o interesse delas por nossas terras é o mesmo que o nosso, brasileiros.  A força econômica dessas empresas está, inclusive, tentando alterar, com a ajuda de alguns políticos, a área de faixa de fronteira do Brasil para facilitar e baratear a execução de seus projetos empresariais, afinal, o que interessa para elas é o resultado econômico. A faixa de fronteira é, e sempre foi, um assunto estratégico político-militar do governo, que envolve a defesa da soberania nacional. O cultivo da monocultura de eucaliptos é extremamente maléfico para a terra, visto que extrai muita água do subsolo, utiliza agrotóxicos e interfere na biodinâmica da fauna e da flora natural, alterando sobremaneira os ecossistemas. Certamente, essas empresas poderão abandonar o País quando considerarem que o negócio não é mais rentável e que as terras de boa qualidade adquiridas por aqui não servem mais aos seus interesses capitalistas.

Autorizar esse tipo de empreendimento no Brasil é compactuar com uma lógica nefasta e colonialista. Ou seja, os estrangeiros vêm para cá, usufruem de nossos ricos recursos naturais, ampliam suas fortunas e vão investir na Europa e nos Estados Unidos. Como discurso, os interessados/interesseiros dizem que essas indústrias vêm trazer desenvolvimento para a região. Puro marketing antiético.

Santos ou malandros?

Essa lógica segue o mesmo princípio adotado em um dos argumentos dos ruralistas, segundo o qual, é necessário flexibilizar as regras, permitindo mais desmatamentos, e anistiando produtores que agiram fora da lei, por que o Brasil “é o celeiro do mundo” e, nessa “nobre e árdua missão franciscana”, precisam produzir mais alimentos. Seria cômico esse discurso de bons moços, se não fosse trágico para “as florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação”, assim como para as gerações futuras, que necessitarão de um ambiente saudável e preservado para sobreviverem.

Será que o objetivo real dos ruralistas é mesmo “alimentar o mundo” ou aumentar os seus próprios lucros?

Em breve, na Parte 2, abordarei outro argumento pífio dos ruralistas. Segundo eles, “se em outros países não há reserva natural, aqui também não precisamos ter”.

  1. 10 de junho de 2011

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